Risco de DSTs entre pessoas com mais de 45 anos

GINECOLOGIA

Adultos de meia-idade enfrentam um risco maior de contrair doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) do que nunca antes, à medida em que a sociedade não está disposta a falar sobre pessoas mais velhas fazendo sexo, descobriu um novo estudo.

Segundo pesquisadores do Reino Unido, Bélgica e Holanda, há um grande desconhecimento sobre a sexualidade de pessoas com mais de 45 anos, o que se converte em pouca atenção desse grupo etário com os cuidados de saúde em suas relações.

Os especialistas associados ao projeto SHIFT, uma iniciativa de pesquisa sobre a saúde sexual, entrevistaram 800 adultos na costa sul da Inglaterra e nas regiões do norte da Bélgica e Holanda – com cerca de 200 entrevistados identificados como “enfrentando desvantagens socioeconômicas”.

Quase 80% dos entrevistados no grupo da população em geral tinham entre 45 e 65 anos, enquanto 58% dos considerados socioeconomicamente desfavorecidos tinham entre 45 e 54 anos.

Por Amy Woodyatt, da CNN
24 de novembro de 2020

Adultos e idosos mais sexualmente ativos, mas sem cuidados

Os pesquisadores disseram que “grandes mudanças” no comportamento sexual nas últimas décadas se converteram em um número crescente de idosos sexualmente ativos – mas muitos deles não se atentam à possibilidade de contrair DSTs nessa fase da vida.

Também não é comum a preocupação com gravidez após os 45 anos. No caso das mulheres, o motivo mais citado para o não uso de anticoncepcionais foi que as participantes se consideraram monogâmicas, exclusivas para um relacionamento, seguidas pela justificativa de que as entrevistadas acreditavam não estarem em risco de gravidez.

“Acima de 45 anos, o grupo de maior risco geralmente é composto pelas pessoas que entram em novos relacionamentos após um período de monogamia, geralmente pós-menopausa, quando a gravidez não é mais considerada, mas dão pouca atenção às DSTs”, disse Ian Tyndall, conferencista sênior da Universidade de Chichester da Grã-Bretanha , uma das organizações parceiras do projeto.

Os pesquisadores descobriram que mais de 50% dos entrevistados, tanto na população em geral quanto no grupo socioeconomicamente desfavorecido, nunca haviam feito um teste para detectar DSTs.

Estigma e vergonha de abordar tema

O estigma e a vergonha foram identificados como as maiores barreiras ao acesso dos adultos aos serviços de saúde sexual, com muitos participantes indicando que achavam que saúde sexual era um termo “sujo”, desencorajando as pessoas a procurarem exames regulares de saúde.

“Uma grande barreira para o acesso das pessoas aos serviços é o estigma social e as suposições de que os idosos são assexuados e que o sexo não faz mais parte de suas vidas. Isso realmente limita a conscientização sobre os serviços de saúde sexual neste grupo”, disse à CNN Tess Hartland, assistente de pesquisa o projeto SHIFT.

Um “número significativo” de entrevistados também disse não conhecer os riscos de infecções sexualmente transmissíveis, informaram os pesquisadores, enquanto 42% dos entrevistados no Reino Unido e na Holanda não sabiam onde estava localizado o serviço de saúde sexual mais próximo.

“Muitos serviços e promoção de saúde sexual são realmente feitos sob medida para os jovens”, disse Hartland à CNN, observando que algumas pessoas na faixa etária acima de 45 anos podem ter recebido educação sobre saúde sexual limitada na escola, afetando suas atitudes hoje.

Ausência de profissionais especializados

Os participantes também relataram que os profissionais de saúde que os atendem, como médicos e enfermeiras, não possuem conhecimentos adequados sobre saúde sexual.

“Muitos entrevistados prefem ir ao médico que conhecem, em vez de um serviço específico de saúde sexual”, explicou Hartland. “Isso significa que esses médicos não têm necessariamente uma especialização em saúde sexual”.

“Claro, é um assunto muito delicado e pode ser muito difícil para um profissional de saúde abordar com alguém de mais de 45 anos”, acrescentou.

Os pesquisadores descobriram que pessoas com mais 45 anos que vivem em áreas social e economicamente desfavorecidas correm um risco particular de contrair infecções sexualmente transmissíveis e podem ter conhecimento limitado dos serviços de saúde disponíveis e acesso limitado a esses serviços.

“Fica claro, a partir da quantidade de pessoas que temem ser julgadas por conhecidos e profissionais de saúde, que o estigma continua a ser uma barreira crucial a ser abordada em qualquer intervenção de promoção da saúde sexual”, disse Ruth Lowry, pesquisadora do projeto da Universidade Britânica de Essex.

“As descobertas também mostraram que grupos com uma ou mais desvantagens socioeconômicas, como moradores de rua, profissionais do sexo, falantes não nativos da língua de um país e migrantes correm um risco ainda maior de não saberem de sua saúde sexual e não ter acesso ao serviços apropriados “, acrescentou.

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